Brenna Araújo de Brito, de 36 anos, foi brutalmente agredida com marteladas no rosto pelo ex-companheiro neste sábado (22), em Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza. A tentativa de feminicídio aconteceu na frente das três filhas do casal, com idades entre 2 e poucos anos. O suspeito está foragido e a Polícia Civil investiga o caso.
Brenna foi levada ao Hospital Municipal de Pacajus e, devido à gravidade dos ferimentos, transferida para o Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza, onde está internada na UTI. Ela passou por cirurgia na mandíbula e procedimentos de reconstrução do nariz.
Crime começou após recusa da vítima
Segundo uma irmã de Brenna, a vítima foi à casa onde as filhas moravam com o pai para levá-las para brincar em um pula-pula. No imóvel, o agressor perguntou se Brenna dormiria lá à noite, mas ela recusou, informando que trabalharia no dia seguinte. Em seguida, ele passou a agredi-la com golpes de martelo.
A irmã relatou que Brenna estava com a filha de dois anos no colo quando começou a ser agredida. As outras duas filhas, também crianças, presenciaram o crime e começaram a gritar, chamando a atenção de um cunhado do agressor. Ele começou a pedir socorro e o agressor a arrastou para o banheiro, onde bateu repetidas vezes a cabeça dela contra o vaso sanitário, quebrando alguns dentes.
Extensão dos ferimentos
Brenna teve mandíbula, nariz e dentes quebrados após os golpes de martelo e as agressões no banheiro. O cunhado da vítima ouviu os gritos de socorro e a encontrou ensanguentada, levando-a imediatamente para o Hospital Municipal de Pacajus. No IJF, a mulher passou por cirurgia na mandíbula e por procedimentos de reconstrução do nariz.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não foi acionado no caso. Um cunhado encontrou a vítima caída no chão da casa, chamou um amigo que tem carro e os dois levaram Brenna para o hospital.
Impacto nas crianças testemunhas
As três filhas do casal presenciaram as agressões contra a mãe, uma situação que pode trazer graves consequências psicológicas para as crianças. Estudos indicam que crianças expostas à violência doméstica correm risco de desenvolver problemas como ansiedade, depressão, transtornos de estresse pós-traumático e dificuldades de aprendizado.
Especialistas consideram a exposição à violência doméstica uma forma de maus-tratos psicológicos. As crianças que testemunham violência entre os pais podem apresentar problemas semelhantes aos de vítimas diretas de abuso físico, incluindo comportamentos agressivos, retraimento social e problemas escolares.
Contexto de violência no Ceará
O caso ocorre em um contexto de aumento da violência contra a mulher no Ceará. Dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) mostram que o estado registrou 24 casos de feminicídio no primeiro semestre de 2025, representando um aumento de 26,3% em comparação ao mesmo período de 2024.
O número é o maior dos últimos oito anos considerando o mesmo período. A Rede de Observatórios da Segurança apontou que 2024 foi o pior ano desde 2020, com 207 casos de violência letal registrados no estado, um aumento de 21,1% em relação a 2023.
Suspeito foragido
A Secretaria da Segurança Pública informou que a Polícia Civil apura as circunstâncias do caso, classificado como tentativa de feminicídio. Equipes da Polícia Militar foram acionadas e um inquérito policial foi registrado na Delegacia de Polícia Civil de Pacajus, responsável pela investigação e busca do suspeito.
O agressor fugiu logo após a agressão e, até o momento, permanece foragido. Autoridades reforçam a importância da denúncia de casos de violência doméstica e lembram que informações podem ser repassadas de forma anônima aos canais oficiais da Segurança Pública pelo número 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou 190 (Polícia Militar).