Garimpeiros ilegais do Amazonas ameaçam enfrentar a Polícia Federal e o Ibama com tiros. Os criminosos atuam no rio Madeira, próximo a Humaitá, e organizaram uma possível reação armada contra a operação que combate o garimpo ilegal na região.
Mensagens circulam em grupos de WhatsApp com alertas sobre a movimentação das autoridades. Vídeos mostram viaturas nas estradas e movimentação nos rios. Os garimpeiros se dizem prontos para “meter bala” e impedir a destruição das balsas usadas na extração de ouro.
Garimpeiros ameaçam atacar operação da PF e Ibama
Os criminosos planejam ações violentas durante o aniversário de 155 anos de Humaitá, que acontece nesta quinta-feira, 15 de maio. A cidade já tem uma programação com shows e eventos desde a última terça-feira (13).
Em áudios obtidos pela Folha de S.Paulo, garimpeiros falam em “cercar os agentes” e usar foguetes para impedir a destruição das balsas. Um deles afirma: “Tá na hora de meter bala nesses arrombados aí.”
Outro diz que vai reunir sua equipe para invadir a praça central de Humaitá. Uma explosão é ouvida ao fundo de um dos áudios, enquanto o garimpeiro relata a movimentação da PF no rio Beem.
Histórico de confrontos em Humaitá
Em agosto de 2023, houve confronto direto entre garimpeiros e a PF no centro da cidade. Na ocasião, os criminosos lançaram rojões contra os agentes. A PM precisou intervir para conter os ataques.
Durante aquela operação, 223 balsas ilegais foram destruídas nos rios Madeira, Aripuanã e Manicoré. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas informou que 14 pessoas foram presas.
Garimpo ilegal destrói o rio Madeira
As balsas usam dragas para sugar o fundo do rio. O ouro é separado com esteiras acarpetadas e, depois, com mercúrio. Esse produto tóxico contamina a água, os peixes e toda a cadeia alimentar do rio Madeira.
O uso do mercúrio, também chamado de azougue, é proibido, mas amplamente utilizado pelos garimpeiros. O impacto ambiental é devastador e afeta milhares de famílias ribeirinhas.
Investigação contra redes sociais de garimpeiros
Em fevereiro, o Ministério Público Federal abriu investigação contra grupos e perfis de garimpeiros no Facebook e Instagram. A ação questiona por que a Meta mantém essas contas ativas.
A apuração é um desdobramento de um inquérito da PF em Roraima, que investiga crimes contra a ordem econômica cometidos por usuários das redes sociais.
Em 2021, uma cidade flutuante com centenas de balsas foi formada no rio Madeira, próximo a Autazes. A imagem chocou o país e mostrou a dimensão do garimpo ilegal na região.
Autoridades não comentam ameaças
A reportagem procurou a PF e o Ibama sobre as ameaças dos garimpeiros. A Polícia Federal informou que não vai comentar o caso. O Ibama não respondeu até a publicação desta matéria.
Enquanto isso, a tensão aumenta em Humaitá. A população teme novos confrontos durante as comemorações do aniversário da cidade.
- Local: Humaitá (AM)
- Data: Operação em andamento – ameaças desde 13 de maio
- Alvo: Garimpo ilegal no rio Madeira
- Autoridades envolvidas: Polícia Federal e Ibama