A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) deflagrou a operação Operação 13 Aldeias, nesta terça-feira (22), que investiga a aplicação do golpe do falso sequestro a partir de presídios do Estado. A ação seria realizada por membros de uma facção pouco conhecida, criada ao longo dos últimos 20 anos nas unidades prisionais fluminenses, batizada de “Povo de Israel”.
Segundo as investigações, o grupo movimentou cerca de R$ 70 milhões ao longo de dois anos, por meio das extorsões e também do tráfico de drogas. Cinco policiais penais, que também são alvos da ação de hoje, foram afastados judicialmente das funções por suspeita de integrarem a quadrilha.
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No total, são cumpridos 44 mandados de busca e apreensão em endereços nas zonas Sul e Norte da capital; em São Gonçalo e Maricá, na Região Metropolitana; Rio das Ostras e Búzios, na Região dos Lagos; São João da Barra, no Norte Fluminense; e em Apiacás, município no Estado do Espírito Santo. Também são realizados os bloqueios de contas correntes e bens de 84 investigados, além do afastamento dos cinco policiais penais.
A operação tem apoio da Subsecretaria de Inteligência e Corregedoria da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que atua nos presídios onde estão as lideranças da facção. As investigações tiveram inicio há dez meses e identificaram um esquema complexo de lavagem de dinheiro por meio de laranjas e empresas fantasmas. A quadrilha já usou 1.663 pessoas físicas e 201 pessoas jurídicas para movimentar os valores obtidos com os crimes.
De acordo com a DAS, o golpe do falso sequestro era realizado em três partes, sendo a primeira delas pelos chamados “empresários”, que conseguiam os celulares usados dentro da prisão; os “ladrões”, responsáveis por fazer ligações para as vítimas, imitando as vozes de pessoas que estariam sob poder dos bandidos; e os “laranjas”, comparsas de fora da cadeia que recebem o dinheiro do crime. Cada um deles fica com 30% do valor obtido e o restante vai para a facção.
“Povo de Israel”
Segundo as investigações da Delegacia Antissequestro (DAS), o Povo de Israel surgiu em 2004, a partir da desavença entre criminosos em uma rebelião. Atualmente, a facção conta com aproximadamente 18 mil presos e já ocupa 13 unidades prisionais – chamadas pelos detentos de aldeias. O número representa 42% do efetivo prisional e a base da quadrilha é o Presídio Nelson Hungria (Bangu 7), no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste.
As informações são do jornal “O Dia”.